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Thursday, March 31, 2016

Jorge de Lima, Poemas Negros

Poemas negros, de 1947, reúne dezesseis poemas do autor Jorge de Lima, já editados em livros anteriores e 23 novos poemas, estes apresentando, através de deuses africanos, uma espécie de história do negro no Brasil.
Nesses poemas encontramos a segunda fase ortodoxamente modernista de Jorge de Lima.
O tema da obra é a realidade africana do Brasil. De fato, bem cedo Jorge de Lima manifestou a consciência da discriminação racial. Ele ultrapassa o registro pitoresco e folclórico, assimila o cerne da cultura afro-nordestina e demonstra que a barreira racial é nada perante a universalidade da poesia.

Jorge de Lima propõe também a reflexão sobre a importância do sangue africano na composição de um novo “ser”. Em Poemas Negros, o questionamento é refrisado nos versos de "Foi mudando, mudando", em que a voz poética deixa sem resposta a pergunta "Foi negro, foi índio ou foi cristão?", enquanto nomeia os pilares étnicos do povo brasileiro. Esse livro encerra com o poema “Olá, Negro” que fala sobre a influência do escravo na cultura brasileira, desenhando, em traços nítidos, a crueldade do tratamento que é imposto ao subalterno.
O poema inicia, referindo-se à sucessividade das gerações, cujos indivíduos empenham-se em rejeitar o sangue e a cor que lhes matiza a pele. E profeticamente sentencia: [eles] não apagarão de sua alma, a tua alma, negro! A repetição do substantivo abstrato, com a variação do possessivo de terceira e segunda pessoa, ressalta uma das marcas da sensibilidade brasileira. No escravo, a componente afetiva inclui a apetência artística que se realiza na música dos blues, jazzes, songs, lundus, e se extravasa na alegria. Para sublinhar a diversidade dos universos, o poeta avisa: a raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro. Os dados objetivos, contudo, enumeram o lucro material (algodão e açúcar) e a trajetória de sofrimento do negro (“tronco, colar de ferro, canga de todos os senhores do mundo”) para calcular, na hipérbole, o tempo necessário para humanizar o homem:
Quantas vezes as carapinhas hão de embranquecer
Para que os canaviais possam dar mais doçura à alma Humana?

No jogo da interrogação retórica, as figuras de estilo unem o fluir (longo!) do tempo, a exploração econômica e o amadurecimento do indivíduo. De temporalidade imponderável, o cabelo do negro reage à mudança da cor, assim como o homem tarda, pela cobiça, a adquirir uma alma. O condimento culinário é baliza de (des)humanidade. A metáfora, em ironia, alude a um capítulo da história da maldade no Brasil.
Tangida pela emoção, a consciência poética vê:
Apanhavas com vontade de cantar
choravas com vontade de sorrir
com vontade de fazer mandinga para o branco ficar bom,
para o chicote doer menos,
para o dia acabar e o negro dormir!
A resistência ao sofrimento transmite-se na alternância antitética de sofrer-cantar-chorar-sorrir, sugerindo uma disposição que se quer refazer. A prática mágico-ritual (mandinga) é evocada como recurso de atenuação da dor, que, afinal, o homem atinge com a noite e com o sono. No entanto, o tempo recompõe-se, e a esperança desponta com o novo amanhecer:
Olá, Negro! O dia está nascendo!
O dia está nascendo ou será a tua gargalhada que vem vindo?
Olá, Negro!
Olá, Negro!
Concluindo o poema, expressa-se a vocação do negro para a alegria. A imagem poética mescla cosmos e sentimento, ao confundir luz e som, no brilho da manhã e no contentamento do escravo. Então, fecha-se o livro Poemas Negros, no ressoar da voz de confiança na humanidade.

Poema escolhido

MARIA DIAMBA
Para não apanhar mais
Falou que sabia fazer bolos
Virou cozinha.
Foi outras coisas para que tinha jeito.
não falou mais.
Viram que sabia fazer tudo,
Até mulecas para a Casa-Grande.
Depois falou só,
Só diante da ventania
Que ainda vem do Sudão;
Falou que queria fugir
Dos senhores e das judiarias deste mundo
Para o sumidouro.

Mia Couto, Terra Sonâmbula

Pra deixar com um pouco de vontade .... Um ônibus incendiado em uma estrada poeirenta serve de abrigo ao velho Tuahir e ao menino Muidinga, em fuga da guerra civil devastadora que grassa por toda parte em Moçambique. Como se sabe, depois de dez anos de guerra anticolonial (1965-75), o país do sudeste africano viu-se às voltas com um longo e sangrento conflito interno que se estendeu de 1976 a 1992.


O veículo está cheio de corpos carbonizados. Mas há também um outro corpo à beira da estrada, junto a uma mala que abriga os "cadernos de Kindzu", o longo diário do morto em questão. A partir daí, duas histórias são narradas paralelamente: a viagem de Tuahir e Muidinga, e, em flashback, o percurso de Kindzu em busca dos naparamas, guerreiros tradicionais, abençoados pelos feiticeiros, que são, aos olhos do garoto, a única esperança contra os senhores da guerra. 



Terra Sonâmbula - considerado por júri especial da Feira do Livro de Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX e agora reeditado no Brasil pela Companhia das Letras - é um romance em abismo, escrito numa prosa poética que remete a Guimarães Rosa. Couto se vale também de recursos do realismo mágico e da arte narrativa tradicional africana para compor esta bela fábula, que nos ensina que sonhar, mesmo nas condições mais adversas, é um elemento indispensável para se continuar vivendo.

Érico Veríssimo, Caminhos Cruzados


“Caminhos Cruzados” é um livro única na Literatura Brasileira (pelo menos não li nada parecido até então). A história é composta por vários núcleos de personagens que se cruzam, se relacionam, se trombam, mas no fundo, não se conhecem. O formato lembra um pouco o de uma novela. Cada núcleo tem as suas particularidades, os seus personagens, o seu enredo, os seus problemas e as suas esperanças. Esperança essa que é a única característica em comum entre essas pessoas, além disso é ela que move-os em busca de algo que nem eles sabem o que é. 
O livro é um emaranhado de fatos e acontecimentos, mesmo sem perceber e se darem conta, os personagens estão com as vidas ligadas uns nos outros. E é nesta interdependência, construída de forma muito hábil e sutil, que Veríssimo aproveita e faz várias críticas a sociedade burguesa da época, expondo de forma nua e crua os contrastes existentes entre os ricos e os pobres. Por este posicionamento firme e contundente, o autor se vê mais uma vez na boca dos críticos, eles alegam desta vez que a obra é imoral, subversiva e faz apologia ao comunismo.
Uma boa dica é ver o filme "Crash" : No limite.
“A vida, prezado leitor, é uma sucessão de acontecimentos monótonos, repetidos e sem imprevisto. Por isso alguns homens de imaginação foram obrigados a inventar o romance”.

Lisbela e o prisioneiro de Osman Lins

Lisbela e o prisioneiro, de Osman Lins, foi publicada em 1963 pela Edição da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, em tiragem limitada e de alcance restrito, resgatando um universo da cultura popular e, apesar desse caráter nacional-popular, não se limita a questões do tempo em que foi escrita. A época pode explicar a gênese, mas não dá conta da estrutura que, nesse caso, vai além dela ou seja, é uma peça de origem rural mas que permite leituras urbanas, tendo uma perspectiva popular recriando situações que se encaixam em qualquer região e tempo representada em situações divertidas por meio da linguagem. É uma comédia de caracteres, embora as ações desenvolvidas na cadeia de Vitória de Santo Antão desempenhem uma função considerável na sua estrutura tradicional, com exposição, desenvolvimento, falso clímax, clímax, desfecho de situações, vivenciadas por personagens nordestinas e muito bem amarradas.
Lisbela, filha do Tenente Guedes, delegado da Cadeia de Santo Antão, forma par amoroso com o funâmbulo Leléu, um Don Juan nordestino. Esse casal anticonvencional assume riscos em nome de sentimentos intensos. Lisbela foge com Leléu, no dia de seu casamento com Dr. Noêmio, advogado vegetariano, por isso mesmo personagem destoante do meio em que se encontra, prestando-se a alvo de muitas tiradas cômicas. Ao marido, doutor, representante do estabelecido e da segurança, a jovem prefere Leléu, o artista de circo preso, com tudo o que este significa de risco e subversão dos valores vigentes em seu meio.
A peça é dominada pela presença de personagens masculinas. Além das já referidas, atuam na cadeia de Vitória de Santo Antão, Jaborandi, soldado e corneteiro, afeiçoado a fitas em série; Testa-Seca e Paraíba, outros presos; Juvenal, outro soldado; Heliodoro, cabo de destacamento, casado, já com uma certa idade, apaixonado por uma jovem, o qual chega a forjar um falso casamento para possui-la; Tãozinho, vendedor ambulante de pássaros, que rouba a mulher de Raimundinho; Frederico, assassino profissional, à procura de Leléu, que deflorou sua irmã Inaura,e que por ele é salvo, sem saber, de um ataque de boi; Lapiau, artista de circo, amigo de Leléu, que participa da farsa de casamento de Heliodoro com a jovem; Citonho, o velho carcereiro, esperto e dinâmico, cúmplice, no final, de Lisbela e de Leléu e mais dois soldados, personagens mudas.
Lisbela, a única filha do tenente Guedes, é também a única mulher que atua em cena; as outras são apenas mencionadas nos diálogos. E atua com força, porque enfrenta a autoridade patriarcal, representada pelo pai e pelo noivo, ao tomar iniciativa para colaborar com a fuga de Leléu da prisão e a se dispor a abandonar o marido no dia de seu casamento para aventurar-se na vida com o equilibrista. Como se não bastasse isso, é ela quem livra Leléu da morte, ao atirar, aparentemente, em Frederico, o assassino profissional, quando este lhe apontava a arma, pouco antes do desfecho da peça. Parece e julga-se tornar-se uma criminosa, colocando o pai numa situação incômoda. Para livrar a própria filha da cadeia, este usará expedientes comprometedores para a lisura de uma autoridade, com o fito de embaralhar ou ocultar a autoria do suposto crime, pois no desfecho da peça revela-se que Frederico morreu de morte natural. Por suas ações, Lisbela não apenas renega os mesquinhos valores, mas também expõe as fraturas da sociedade patriarcal.
O gênero comédia aliado ao perfil anticonvencional da dupla protagonista foi muito bem escolhido por Osman Lins para pôr em cena, no contexto de uma região de valentias, de sentimentos exaltados, de honra e vinganças, um crime inesperado, porque aparentemente cometido pela jovem Lisbela. Inesperado, mas plenamente justificado, se tivesse ocorrido.
Atitudes que causam surpresa também compõem Leléu, que nada tem de prisioneiro em termos dos valores estabelecidos, garantidores de acomodada segurança, mas negadores da “flama da vida”. Volúvel nos amores, experimentador de várias profissões, portador de diferentes identidades, afeiçoado a riscos e deslocamentos, o circence Leléu, que tanto quer e tanto faz para sair das grades da cadeia de Vitória de Santo Antão, não hesita a ela retornar, só para ficar próximo de Lisbela, quando fracassa o plano de fuga dos dois. O paradoxal retorno à prisão é mais um movimento desta personagem para a libertação das amarras de valores que lhe são menores do que os impulsos da vida. Ele vive sempre com fervor seu minuto de aflição ou de alegria, como bem acentuou o próprio Osman Lins, ao apontar para o efeito contaminador de sua ”flama”, no programa da primeira temporada desta comédia: Leléu acende, mesmo na cadeia, as apagadas chamas de Lisbela e desperta em Citonho, o velho carcereiro, o herói escondido.
Aliás, essa personagem é uma daquelas que mais se destacam na peça e atraem a atenção e a conivência do leitor, porque de velho caduco e fraco, propício a gozações dos mais jovens e fortes, ele não tem nada. Com maestria, Osman Lins desvela na personagem octogenária, enfraquecida, em tese, pela faixa etária e pela categoria da função exercida, a mais desqualificada do contexto da peça, sua perspicácia, lucidez, força e coragem. O velho solitário considerado caduco pelo tenente Guedes é o que, de todos os seus submissos, mais o enfrenta: toma partido de Lisbela e de Leléu, em prol do amor libertário, com todos os seus riscos, e age com esperteza para proteger a jovem da suposta autoria de seu crime. Enfim, do velho também emanam vida e movimento.

Essa poética do avesso contribui ainda para relativizar o lado antipático do tenente Guedes, representante da polícia. Apesar de suas atitudes condenáveis, como os desmandos, a prepotência, a conivência com o crime, o delegado mostra-se humano quase todo o tempo. Por causa de sua função, não consegue se desvencilhar do “encarceramento profissional” e se vê obrigado a tomar atitudes contrárias a seu temperamento. Eis um dos motivos pelos quais está sempre a afirmar que “a autoridade é um fardo”. Bordão com efeitos cômicos, de acordo com as situações nas quais é proferida. No fundo, o tenente Guedes é mais prisioneiro de sua profissão que todos seus subalternos.
Dentre estes, merece menção especial o soldado e corneteiro, Jaborandi, que vive fugindo do local de trabalho, para assistir fitas em série no cinematógrafo, interrompendo seus momentos de fantasia, na hora que tem de tocar a corneta. Em meio a idas e vindas, ele vive entre o sonho e a realidade, mas uma realidade na qual sua função, tocar corneta, é desprovida de sentido conseqüente, a não ser o de acentuar a sua falta de sentido naquele contexto: para quê tocar corneta numa prisão? No mínimo, tais cenas provocam o riso, cumprindo sua função na comédia, e abrem brechas para o próprio Jaborandi e outras personagens estabelecerem ligação entre as estruturas das fitas em série (filmes de bandido e mocinho) e os episódios da comédia, além de interiorizarem na própria peça alusões às relações entre a vida e a fantasia.
Por mais despretensioso que tenha sido Osman Lins na composição simples e direta desta comédia, quando se encontrava ainda na fase da busca de caminhos próprios para sua ficção e para seu teatro, como ele próprio afirmou em entrevista concedida em 1961, o fato é que Lisbela e o prisioneiro é uma peça de um autor seguro, engenhoso e talentoso, que tem muito ainda a dizer em nossos dias, desde o que se refere aos desmandos e à conivência da polícia com o crime até questões de ordem existencial.
O regionalismo de Lisbela e o prisioneiro, fundado no aproveitamento de incidentes testemunhados por amigos, por familiares e por Osman Lins bem como apoiado na transposição de ditados, expressões populares e dísticos encontrados em pára-choques de caminhões, é transfigurado sob a pena de seu autor. Matéria e linguagem re-elaboradas tecem esta peça, regada por uma equilibrada dosagem de leveza, comicidade e ternura, e assentada em valores libertários em prol da vida, o que lhe abre as portas para outros tempos e outros espaços.

Duas linguagens: Teatro e cinema

Para analisar aspectos da adaptação do livro ao filme, é necessário considerar que o cinema mais que um suporte, é uma nova linguagem, infinitamente diferente
da linguagem verbal, ou seja, entraremos em dois campos, com significados múltiplos porém de diálogo permanente. A adaptação de um livro pode recriar na tela significados tão expressivos quanto os que se encontram no texto original, com a utilização de diferentes recursos narrativos e estilísticos.
Um desses recursos chamado de cutback e muito conhecido como flashback exemplifica a questão acima utilizado em uma das cenas do filme Lisbela e o prisioneiro.
No jargão cinematográfico, qualquer volta a uma cena passada é chamada de cutback e admite inúmeras variações, podendo servir a muitos propósitos e na cena
que iremos demonstrar a intenção é evocar a memória. No teatro a memória atua na mente do espectador, evocando coisas que dão sentido pleno e situam melhor cada cena, cada palavra e cada movimento. A cada momento precisamos lembrar o que aconteceu nas cenas anteriores, ou seja o teatro não tem outro recurso senão sugerir à memória tal retrospecto, já o cinema pode ir além projetando a imaginação na tela.
Segundo o teórico Ismail Xavier (2003, p. 38) “é como se a realidade fosse despojada da própria relação de continuidade para atender às exigências do espírito e o próprio mundo exterior se amoldasse às inconstâncias das idéias que vem á memória”.
O teatro só pode mostrar os acontecimentos reais em sua seqüência normal; o cinema pode fazer a ponte para o futuro ou para o passado, inserindo entre um minuto e o próximo, um acontecimento de 20 anos passados. Assim, o cinema pode agir de forma análoga à imaginação: ele possui a mobilidade das idéias, que não estão subordinadas às exigências concretas dos acontecimentos externos, mas sim ás leis psicológicas da associação de idéias. Dentro da mente o passado e o futuro se entrelaçam com o presente. O cinema ao invés de obedecer às leis do mundo exterior obedece as da mente.
Mas o papel da memória e da imaginação na arte do cinema pode ser ainda mais rico e significativo. A tela pode refletir não apenas o produto de nossas lembranças ou da nossa imaginação mas também à própria mente dos personagens. A técnica cinematográfica introduziu com sucesso uma forma especial para esse tipo de visualização. Se um personagem recorda o passado – um passado que pode ser inteiramente desconhecido do espectador, mas que está vivo na memória do herói – os acontecimentos surgem na tela com um conjunto novo de cenas, mas ligam-se à cena presente mediante uma lenta transição. Essa técnica da produção dessas transições graduais de uma imagem para outra e do retorno á imagem inicial abre naturalmente amplas perspectivas; o roteirista pode usar as imagens retrospectivas para visualizar cenas e complicados acontecimentos do passado.
Embora trabalhoso método, obteve plena aceitação no meio cinematográfico pois, de alguma forma, o efeito realmente “simboliza” o aparecimento e o desaparecimento de uma reminiscência. Nitidamente observa-se o resultado desses efeitos na cena em que o personagem Leléu explica a mocinha Lisbela o porquê de ser tão livre, revivendo a história de sua infância no interior de Pernambuco – São José da Coroa Grande – e um Zepelim que por lá havia passado.
Observa-se o curso natural dos acontecimentos, mudado pelo poder da mente através do relato do personagem Leléu, em que o teatro oferece aos nossos ouvidos a simples menção de lugares e acontecimentos, que se tornam nomes mortos em nossa imaginação enquanto que o cinema pode oferecer aos nossos olhos panoramas deslumbrantes mostrando-nos em cena a fantasia viva do jovem.
O que é poético no texto dramático torna-se ainda mais poético com a projeção da imagem, proporcionando ao espectador o efeito das lembranças de infância e fantasias, vivenciadas por Leléu. Essa técnica da produção gradual de uma imagem para outra e do retorno à imagem inicial, exige muita precisão e é mais difícil do que uma mudança brusca de cena pois é necessário combinar dois conjuntos de imagens exatamente correspondentes, para que o efeito realmente simbolize o aparecimento e o desaparecimento de uma reminiscência.

Unicamp divulga lista de livros válida para o Vestibular 2017

A Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) está divulgando a lista de livros de literatura de língua portuguesa, cuja leitura é obrigatória para candidatos ao Vestibular Unicamp 2017. Desde o último processo vestibular, a Unicamp deixou de ter uma lista unificada com a Fuvest e passou a adotar uma listagem própria de livros. São 12 obras de diferentes gêneros e extensões, de autores das literaturas brasileira, africana e portuguesa. A cada ano, a Unicamp renovará parcialmente as obras que compõem a lista, para permitir o planejamento do professor e, ao mesmo tempo, acompanhar a dinâmica própria do sistema de ensino, cujo público se renova todos os anos. A lista para o Vestibular 2017 apresenta três obras novas em relação à anterior. É importante destacar que essa lista não é a mesma para o Vestibular Unicamp 2016, que ocorre ainda este ano, e cujas obras já foram divulgadas anteriormente. Ambas as listas podem ser consultadas em www.comvest.unicamp.br.

A lista de obras inclui romances, poesia, peça teatral e contos, a fim de levar o vestibulando a ampliar o seu campo de estudos, sem sobrecarregá-lo no volume de leituras. Abaixo está o programa de leituras para o Vestibular Unicamp 2017. As obras marcadas em negrito são as que foram inseridas na lista atual. As demais já constavam da lista anterior.

Poesia:
Luís de Camões, Sonetos1
Jorge de Lima, Poemas Negros (Livro distribuído pelo governo federal no PNBE). 2

Contos:
Clarice Lispector, Amor, do livro Laços de Família.
Guimarães Rosa, A hora e a vez de Augusto Matraga, do livro Sagarana.
Monteiro Lobato, Negrinha, do livro Negrinha3

Teatro:
Osman Lins, Lisbela e o prisioneiro4

Romance: 
Aluísio Azevedo, O cortiço.
Camilo Castelo Branco, Coração, cabeça e estômago (Livro em domínio público).
Érico Veríssimo, Caminhos Cruzados (Livro distribuído pelo governo federal no PNBE).
José de Alencar, Til.
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Mia Couto, Terra Sonâmbula. - See more at: http://www.comvest.unicamp.br/vest2016/lista_livros_vest2017.html#sthash.CIC91Dr5.dpuf

Saturday, March 12, 2016

Crônica! Etapas para escrever bem!



Etapas para escrever sua crônica:

1. Escolha algum acontecimento atual que lhe chame a atenção. Você pode procurá-lo em meios como jornais, revistas e noticiários. Outra boa forma de encontrar um tema é andar, abrir a janela, conversar com as pessoas, ou seja, entrar em contato com a infinidade de coisas que acontecem ao seu redor. Tudo pode ser assunto para uma crônica.
É importante que o tema escolhido desperte o seu interesse, cause em você alguma sensação interessante: entusiasmo, horror, desânimo, indignação, felicidade... Isso pode ajudá-lo a escrever uma crônica com maior facilidade.


2. Muito bem. Agora que você já selecionou um acontecimento interessante, tente formular algumas opiniões sobre esse fato. Você pode fazer uma lista com essas idéias antes de começar a crônica propriamente dita.
Frases como as que seguem abaixo podem ser um bom começo para você fazer a sua lista:

"Quando penso nesse fato, a primeira idéia que me vem à mente..."
"Na minha opinião esse fato é..."
"Se eu estivesse nessa situação, eu..."
"Ao saber desse fato eu me senti..."
"Sobre esse fato, as pessoas estão dizendo que..."
"A solução para isso..."
"Esse fato está relacionado com a minha realidade, pois..."

Como você deve ter notado, é muito importante que o seu ponto de vista, a sua forma de ver aquele fato fique evidente. Esse é um dos elementos que caracterizam a crônica: uma visão pessoal de um evento.

3. Agora que você já formou opiniões sobre o acontecimento escolhido, é hora de escrever sua crônica. Seu ponto de partida pode ser o próprio fato, mas esse também pode ser mencionado ao longo do texto.

Escreva! Pratique! E procure usar a criatividade para criar seu próprio estilo, pois é isso que faz de um escritor um bom cronista.

DICA DO MÊS : 31 funções Narrativas para escrever melhor!

Dentro das funções narrativas, para se escrever um bom texto, podemos utilizar as funções narrativas propostas por Propp.  Para entender melhor como funciona, vou propor a vocês que usem Harry Potter como exemplo, já que a Literatura proposta pela escritora é justamente "Literatura Maravilhosa"

  1. DISTANCIAMENTO: um membro da família deixa o lar (o Herói é apresentado);
  2. PROIBIÇÃO: uma interdição é feita ao Herói ('não vá lá', 'vá a este lugar');
  3. INFRAÇÃO: a interdição é violada (o Vilão entra na história);
  4. INVESTIGAÇÃO: o Vilão faz uma tentativa de aproximação/reconhecimento (ou tenta encontrar os filhos, as jóias, ou a vítima interroga o Vilão);
  5. DELAÇÃO: o Vilão consegue informação sobre a vítima;
  6. ARMADILHA: o Vilão tenta enganar a vítima para tomar posse dela ou de seus pertences (ou seus filhos); o Vilão está traiçoeiramente disfarçado para tentar ganhar confiança;
  7. CONIVÊNCIA: a vítima deixa-se enganar e acaba ajudando o inimigo involuntariamente;
  8. CULPA: o Vilão causa algum mal a um membro da família do Herói; alternativamente, um membro da família deseja ou sente falta de algo (poção mágica, etc.);
  9. MEDIAÇÃO: o infortúnio ou a falta chegam ao conhecimento do Herói (ele é enviado a algum lugar, ouve pedidos de ajuda, etc.);
  10. CONSENSO/CASTIGO: o Herói recebe uma sanção ou punição;
  11. PARTIDA DO HERÓI: o Herói sai de casa;
  12. SUBMISSÃO/PROVAÇÃO: o Herói é testado pelo Ajudante, preparado para seu aprendizado ou para receber a magia;
  13. REAÇÃO: o Herói reage ao teste (falha/passa, realiza algum feito, etc.);
  14. FORNECIMENTO DE MAGIA: o Herói adquire magia ou poderes mágicos;
  15. TRANSFERÊNCIA: o Herói é transferido ou levado para perto do objeto de sua busca;
  16. CONFRONTO: o Herói e o Vilão se enfrentam em combate direto;
  17. HERÓI ASSINALADO: ganha uma cicatriz, ou marca, ou ferimento
  18. VITÓRIA sobre o Antagonista
  19. REMOÇÃO DO CASTIGO/CULPA: o infortúnio que o Vilão tinha provocado é desfeito;
  20. RETORNO DO HERÓI: (a maior parte da narrativas termina aqui, mas Propp identifica uma possível continuação)
  21. PERSEGUIÇÃO: o Herói é perseguido (ou sofre tentativa de assassinato);
  22. O HERÓI SE SALVA, ou é resgatado da perseguição;
  23. O HERÓI CHEGA INCÓGNITO EM CASA ou em outro país;
  24. PRETENSÃO DO FALSO HERÓI, que finge ser o Herói;
  25. PROVAÇÃO: ao Herói é imposto um dever difícil;
  26. EXECUÇÃO DO DEVER: o Herói é bem-sucedido;
  27. RECONHECIMENTO DO HERÓI (pela marca/cicatriz que recebeu);
  28. o Falso Herói é exposto/desmascarado;
  29. TRANSFIGURAÇÃO DO HERÓI;
  30. PUNIÇÃO DO ANTAGONISTA
  31. NÚPCIAS DO HERÓI: o Herói se casa ou ascende ao trono.

Dentro desses 31 pontos, a construção textual é muito mais simples e organizada, o importante é que seguindo as estruturas denominadas é possível ter qualidade, estrutura e consistência na escrita.
 

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